Lula, Dilma e Haddad
Apadrinhado pelo
ex-presidente Lula, ex-ministro concorreu a contragosto das alas tradicionais
do PT e derrotou nas urnas o ex-governador do PSDB
O ex-ministro da
Educação Fernando Haddad é o novo prefeito de São Paulo. Sem nunca ter
disputado uma eleição, Haddad entrou na corrida pelas mãos do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e sai das urnas neste domingo tendo derrotado um dos
principais líderes do PSDB, o ex-governador José Serra. Com 100% das urnas
apuradas, Haddad teve 55.78% dos votos válidos contra 44.22% de Serra.
A vitória de Haddad
devolve ao PT o comando da maior cidade do País, perdido há oito anos, quando a
então prefeita Marta Suplicy foi derrotada por Serra em sua tentativa de se
reeleger. Também ajuda a consagrar dentro do partido o processo de renovação
capitaneado pelo próprio Lula e que pavimentou também a eleição da presidenta
Dilma Rousseff em 2010.
Ao escolher Haddad
como candidato na maior cidade do País, Lula contrariou as principais alas
tradicionais do PT de São Paulo. A maior resistência à candidatura do
ex-ministro veio por parte do grupo de Marta, que se colocou como adversária de
Haddad na disputa interna e só deixou o páreo após uma intervenção de Lula e
Dilma. Marta não aderiu à campanha do ex-ministro da Educação enquanto não
recebeu como contrapartida o comando do Ministério da Cultura.
O grupo de Marta,
entretanto, não foi o único a resistir. Aliados do hoje ministro da Educação,
Aloizio Mercadante, também operaram internamente contra Haddad. Nesse caso,
entretanto, a aceitação, assim como a adesão à campanha, foram mais rápidas.
Para amarrar a
candidatura de Haddad, Lula levou nada menos do que três anos. Os primeiros
passos foram dados ainda em 2009, quando já estava arrematada a candidatura de
Dilma Rousseff. Na época, faltava definir quem seria o candidato do PT ao
governo de São Paulo. Foi ali que Lula, ainda presidente, ventilou pela
primeira vez o nome de Haddad. O ex-presidente chegou a pedir a líderes da
legenda no Estado que “testassem” o desempenho do então ministro em eventos pelo
interior paulista. E propôs que seu nome fosse incluído em uma série de
reuniões entre a direção partidária e possíveis candidatos ao governo, num
esforço para medir o nível das resistências internas.
Haddad chegou a se
sentar a portas fechadas com a Executiva do PT. Disse aos colegas que tinha
interesse em disputar uma eleição, mas que não teria condições de fazê-lo sem
apoio interno. Ele acabou saindo da reunião defendendo a candidatura Mercadante,
que depois receberia do próprio Lula um pedido para se lançar na corrida
estadual.
Nas últimas semanas,
quando a vitória do ex-ministro já era tida como praticamente certa, líderes
petistas já anteviam uma mudança nos discursos dos que lá atrás se posicionaram
contra a candidatura de Haddad. "Quem era contra agora vai ter que ouvir
quieto", disse um dirigente do partido. Marta, por exemplo, foi além.
Neste domingo, ao conversar com jornalistas depois de votar, elogiou o
"tino político" e a "intuição" de Lula por ter insistido na
candidatura do ex-ministro da Educação.
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