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terça-feira, 23 de março de 2010

Ministério da Saúde lança tecnologia de ponta que chega a ambulâncias do SAMU

 
Diagnóstico obtido por sistema digital diminui o tempo de atendimento a pacientes cardíacos do SUS. Agilidade reduz incidência de mortes em até 20%.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão e o diretor-geral do Hospital do Coração (HCor), Dr. Adib Jatene lançaram nesta quinta-feira (28/01), o Sistema Tele-Eletrocardiografia Digital, tecnologia de ponta que vai ajudar a salvar vítimas de doenças cardiovasculares graves, como infarto e arritmia. O serviço estará disponível nas ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) e atenderá os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). O Sistema Tele-Eletrocardiografia Digital permite ao profissional de saúde obter um diagnóstico mais preciso do paciente ainda em casa, antes do deslocamento para o hospital. O procedimento pode reduzir em até 20% o número de mortes por doenças do coração.

Cada ambulância do SAMU será equipada com um pequeno aparelho (tele-eletrocardiógrafo digital portátil) capaz de transmitir o eletrocardiograma via telefonia celular ou mesmo por telefone fixo. O exame realizado no paciente em sua residência ou na ambulância é transmitido para a internet e analisado na central de Telemedicina do Hospital do Coração (HCor). O laudo retorna para a ambulância de origem. Todo esse processo dura, em média, cinco minutos. A central dispõe de 16 médicos para a leitura dos eletrocardiogramas do SAMU 24 horas por dia. Além disso, o médico que está atendendo o paciente pode discutir o caso com os especialistas de apoio no HCor. O trabalho é realizado diariamente em tempo real.

O serviço é de extrema importância para a população brasileira atendida pelo Serviço de Urgência e Emergência. Ele alia conhecimento médico com tecnologia de ponta. Permite agilidade, precisão e redução do tempo de atendimento, diminuindo as sequelas e mortes por doenças cardiovasculares, explicou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, durante o lançamento do Sistema, em Brasília. É como se cada ambulância do SAMU que dispõe de médico tivesse um cardiologista orientando. Se o resultado do eletrocardiograma recebido confirmar o enfarto, toda orientação de medicação e de encaminhar o paciente para o hospital já é feita, ou seja, ganha-se muito tempo no atendimento do paciente, ressaltou.

O projeto-piloto do Ministério da Saúde é uma parceria com o HCor, que detém a tecnologia digital, e faz parte da iniciativa Hospitais de Excelência a serviço do SUS, lançado pelo governo federal em 2008. O serviço que foi assumido pelo Hcor como parte dos projetos de filantropia, por meio do projeto Hospitais de Excelência. Ele descentraliza os atendimentos nos hospitais e universaliza o acesso no SUS. Os recursos de inseção de impostos dos hospitais de excelência são integralmente investidos no sistema público ressaltou o diretor-geral do Hcor, Dr. Adib Jatene.

Os benefícios diretos dessa tecnologia são a redução do tempo de atendimento, a análise mais apurada do quadro do paciente e a realização de uma triagem ainda na casa da pessoa ou na ambulância, para o encaminhamento mais ágil ao chegar a um hospital. Estudo publicado na revista Circulation estima que metade das mortes por infarto ocorre nas primeiras duas horas e que, a cada 30 minutos perdidos no atendimento, o risco de mortalidade aumenta em 7%.

FUNCIONAMENTO - Na primeira fase do projeto do Ministério da Saúde e do HCor, foram adquiridos 450 kits com eletrocardiógrafos e telefones celulares. Um kit serve uma ambulância. No momento, o serviço está em 37 cidades de dez estados brasileiros (veja quadro abaixo). Por enquanto, 86 kits já estão em funcionamento ou em fase de instalação. Até o dia 19 de janeiro, foram realizados 243 atendimentos com o apoio do sistema, nos estados onde funciona o serviço.

A meta é expandir essa tecnologia para todas as 147 centrais de regulação do SAMU, que abrangem 1.347 municípios e alcançam cerca de 106 milhões de pessoas em todo o Brasil. Os kits são destinados prioritariamente às ambulâncias de suporte avançado. Atualmente, existem no SAMU 326 veículos desse tipo. O Ministério da Saúde tem 1.445 ambulâncias em funcionamento e comprou, em 2009, mais 1.850 novas unidades móveis, que circularão em todos os estados e no Distrito Federal em 2010, beneficiando mais de 90% da população brasileira. Estamos em plena universalização do SAMU. Com as novas ambulâncias, vamos ampliar o acesso da população ao Serviço de Urgência e Emergência, ressaltou o ministro.

Esse diagnóstico digital permite a segunda opinião de um especialista em cardiologia e, consequentemente, maior segurança e precisão no diagnóstico e tratamento. Pesquisas internacionais mostram que a interpretação de um eletrocardiograma realizado por um cardiologista (em vez de um médico generalista) reduz de 9% para 5% o número de infartos não-diagnosticados.

Os investimentos no projeto do Sistema de Tele-Eletrocardiografia Digital são de R$ 6,9 milhões em três anos, aplicados na compra de aparelhos, treinamento de equipes do SAMU e manutenção de equipamentos.

AVANÇO - Alguns países da Europa, como a Itália, utilizam tecnologias a distância para acelerar o tratamento de pessoas cardíacas. A revista científica Cardiovasc Med (Hagerstown) divulgou, em 2008, que os pacientes atendidos com o apoio de um sistema de tele-eletrocardiograma reduziu de 148 para 81 minutos o tempo total de atendimento. Outra publicação científica Am J Cardiol informou que, na Dinamarca, o tempo para encaminhar o tratamento adequado foi reduzido de 127 para 74 minutos.

O serviço também vai melhorar a gestão do atendimento na rede hospitalar do SUS. Muitos pacientes que apresentam dor no peito não têm necessariamente doença cardiovascular ou não precisam ser internados. Nos Estados Unidos, a ausência de triagem correta é responsável por cerca de cinco a oito bilhões de dólares de gastos desnecessários por ano. O diagnóstico eficiente pode evitar que essas pessoas sejam hospitalizadas desnecessariamente.

COMO FUNCIONA O SISTEMA DE TELE-ELETROCARDIOGRAMA DIGITAL

1. O médico ou o enfermeiro conecta os eletrodos no peito do paciente;
2. O tele-eletrocardiógrafo (aparelho decodificador digital portátil) capta e grava a frequência cardíaca do paciente em apenas dez segundos;
3. O profissional de saúde entra em contato com a Central do HCor por um telefone 0800 e informa os dados do paciente, como nome completo, RG, data de nascimento, antecedentes e sintomas;
4. Repassadas essas informações, o atendente do HCor dá o OK para a transmissão do eletrocardiograma. O exame gravado no aparelho portátil é decodificado em sinais sonoros e transmitido ao HCor por um celular (smartphone), aparelho que permite a transferência de dados em alta velocidade;
5. A Central recebe os sinais, que são decodificados para o traçado do eletrocardiograma, no computador. O tempo total estimado do trâmite é, em média, de cinco minutos;
6. Os cardiologistas do Hcor analisam o exame, elaboram o diagnóstico e o enviam com sugestões de tratamento adequado;
7. O profissional de saúde, que está na casa do paciente ou na ambulância, recebe a informação em formato de mensagem de e-mail. O laudo também é repassado automaticamente para o médico da central de regulação do SAMU local;
8. Pela tela do celular, é possível visualizar o traçado do eletrocardiograma e todas as outras informações sobre o tratamento do paciente. O sistema digital permite o aumento da amplitude do traçado em até 4 vezes

Se achar necessário, o profissional de saúde pode retornar a ligação para o HCor. O médico do hospital estará disponível para discutir e sugerir condutas baseadas em evidências científicas. Todos os dados são arquivados em bancos de dados com sigilo e segurança, conforme recomendações internacionais e do Conselho Federal de Medicina.

DOENÇAS DO CORAÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO

Estudo do Ministério da Saúde constatou que as doenças do coração, como o infarto, e o acidente vascular cerebral (AVC), são a principal causa de morte no Brasil. Essas doenças mataram cerca de 300 mil pessoas em 2006, quase 30% do total de óbitos registrados. Entre 1990 e 2006, houve queda de 20,5% no número de mortes de doenças do coração e AVC no país. No mundo, elas também são as principais causadoras de morte. Em 2005, foram responsáveis por 30% dos óbitos em todo o planeta - o que significa a morte de 17,4 milhões de pessoas por ano.

SAIBA MAIS: PROJETO HOSPITAIS DE EXCELÊNCIA A SERVIÇO DO SUS

O sistema Tele-Eletrocardiografia digital faz parte do projeto Hospitais de Excelência a Serviço do SUS. É uma parceria firmada em 2008 entre o Ministério da Saúde e seis hospitais de referência para humanizar e melhorar o atendimento aos pacientes do SUS. O convênio com esses hospitais envolve a aquisição de novas tecnologias, capacitação profissional, pesquisas e consultorias na área de gestão com a cooperação de hospitais do país de reconhecimento nacional e internacional. A parceria prevê o desenvolvimento de 114 projetos em três anos.

PESQUISA INÉDITA

O Sistema Tele-eletrocardiografia digital vai permitir ainda a produção de uma pesquisa inédita no país. Com as informações registradas nos computadores centrais do sistema, será possível levantar dados sobre o tempo de atendimento dos pacientes, número real de casos, gravidade das doenças e impacto na redução das complicações clínicas e da segunda opinião de especialistas. O estudo será coordenado pelo HCor e deve começar ainda neste semestre. A previsão é que os primeiros dados sejam divulgados no segundo semestre deste ano.


Fonte: Ministério da Saúde

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