A criação
de um presídio federal em Mato Grosso do Sul apenas para abrigar corruptos
agradou ao juiz federal Odilon de Oliveira, da 3ª Vara Especializada em Crimes
Financeiros e Lavagem de Dinheiro, em Campo Grande. Ao declarar que a apóia a
iniciativa, o magistrado disse que construção do presídio é viável e além de
abrigar em um lugar só pessoas que praticaram esse tipo de crime, ainda teria
caráter pedagógico para os próprios presos e a sociedade de uma forma geral.
"Hoje,
os presos têm medo de ficarem custodiados em um presídio federal, por conta do
rigor do sistema aplicado. Podem também passar a ter medo de um presídio só
para corruptos", apontou, ontem, citando que o presídio para corruptos
deve seguir o rigor do sistema federal.
O
Ministério Público Federal (MPF) no Estado ajuizou, na quarta-feira, uma ação
civil pública perante a Justiça Federal, requerendo a construção da unidade
prisional. A proposta foi lançada na semana em que é celebrado o Dia Internacional
de Combate à Corrupção, que acontece hoje.
Para o
MPF, é necessário o Poder Judiciário dar uma resposta mais concreta à
população, que tem demonstrado sua insatisfação com os sucessivos episódios de
desvio de dinheiro público. No presídio federal para corruptos os presos, além
de cumprir pena, deverão receber ensinamentos sobre ética, moralidade e
honestidade.
Já o
secretário de Justiça e Segurança Pública no Estado, Wantuir Jacini, destacou a
existência de presídio federal, inclusive em Mato Grosso do Sul, e portanto,
"a príncípio", não haveria necessidade da construção de mais um
presídio destinado apenas para os corruptos. "Considero que os corruptos
podem ir para os presídios federais que já existem no Brasil. Hoje, são quatro
e ainda há mais um em construção em Brasília", destacou.
Os
presídios federais foram construídos para abrigar detentos de alta periculosidade.
Outro objetivo é isolar os detentos da comunicação com o mundo externo.
"Penso que muitos corruptos se encaixariam no perfil atual dos federais.
Mas essa é uma questão que demanda mais análises", ponderou o secretário.
Em Campo
Grande, o presídio tem capacidade para receber até 130 presos, em celas
individuais, mas o número de detentos encarcerados no local, tem registrado
média de 70 presos. Uma de suas alas, na Capital, inclusive, concentra
policiais, e ex-policiais.
Recursos
No
entender do MPF, a construção da penitenciária, além de necessária, é viável, e
existem recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) que deveriam ser empregados
no aprimoramento do sistema penitenciário brasileiro, mas foram contingenciados
irregularmente nos últimos 16 anos e somam mais de R$ 1,8 bilhão.
Para a
construção do presídio federal, está sendo solicitada a reserva de R$ 12
milhões do Funpen. A ação requer que o projeto de construção do presídio
federal em Mato Grosso do Sul seja apresentado em 60 dias, com cronograma
físico-financeiro específico. A obra deve estar pronta em no máximo dois anos.
Na ação
encaminhada à Justiça Federal, o Ministério Público relata o histórico da
corrupção e relembra casos emblemáticos, como "Máfia da Previdência",
"Anões do Orçamento", "Máfia das Ambulâncias",
"Mensalão" e "Operação Caixa de Pandora". Quanto ao Mato
Grosso do Sul, também foi citada a "Operação Uragano" e o
"Mensalão".
Fonte: Correio do Estado de MS
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