8 de março
As mulheres do Século XVIII eram submetidas à um sistema
desumano de trabalho, com jornadas de 12 horas diárias, espancamentos e ameaças
sexuais
O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, está intimamente
ligado aos movimentos feministas que buscavam mais dignidade para as mulheres e
sociedades mais justas e igualitárias. É a partir da Revolução Industrial, em
1789, que estas reivindicações tomam maior vulto com a exigência de melhores
condições de trabalho, acesso à cultura e igualdade entre os sexos. As
operárias desta época eram submetidas à um sistema desumano de trabalho, com
jornadas de 12 horas diárias, espancamentos e ameaças sexuais.
Dentro deste contexto, 129 tecelãs da fábrica de tecidos
Cotton, de Nova Iorque, decidiram paralisar seus trabalhos, reivindicando o
direito à jornada de 10 horas. Era 8 de março de 1857, data da primeira greve
norte-americana conduzida somente por mulheres. A polícia reprimiu
violentamente a manifestação fazendo com que as operárias refugiassem-se dentro
da fábrica. Os donos da empresa, junto com os policiais, trancaram-nas no local
e atearam fogo, matando carbonizadas todas as tecelãs.
Em 1910, durante a II Conferência Internacional de
Mulheres, realizada na Dinamarca, foi proposto que o dia 8 de março fosse
declarado Dia Internacional da Mulher em homenagem às operárias de Nova Iorque.
A partir de então esta data começou a ser comemorada no mundo inteiro como
homenagem as mulheres.
Poema: MULHERES
Por Edson Marques
Não me bastam os cinco sentidos para perceber-lhes toda a
beleza. Não me bastam os cinco sentidos para viver com totalidade o mistério
profundo que elas trazem consigo. Eu tenho é que tocá-las, cheirá-las, acariciá-las,
penetrar-lhes o sorriso, sentir o seu perfume, beijar-lhes o céu da boca, ouvir
suas histórias, transformá-las em deusas. Tenho que dar-lhes o amor que o meu
corpo conduz e sustenta-me a alma. O belo amor natural de todos os corpos e
almas e coisas do mundo. Como espelho de paixões em labareda, tenho que sentir
nos seus olhos um raro brilho diamante.
Eu as respeito e as venero, com a graça de um cisne
satisfeito nadando num lago tranqüilo e a ousadia de um touro selvagem
recém-despertado. Não lhes faço perguntas, não as pressiono por nada, não quero
mudá-las jamais. Sempre imagino o que possam sonhar, e procuro suavemente
entrar no sonho delas. Cavalgo o vento para visitar-lhes as razões, as emoções,
as loucuras. E como um deus escandaloso e surpreso por sua própria criatura, eu
entro então no coração de cada uma delas, deliciosamente, como se entrasse numa
pulsante catedral. Mergulho na essência dos seus desejos e cada vez me espanto
mais com tanta fantasia, com tanta formosura. Os cinco sentidos, por não serem
precisos, ainda não bastam, e eu preciso mais do que isso para compreendê-las.
Toda mulher é silenciosa por dentro. A existência pura se
manifesta em cada detalhe. Assim na terra como no céu, amar as mulheres é uma
experiência religiosa. E eu as amo, fina substância, como deve amar quem ama de
verdade -- incondicionalmente. Sem ciúmes. Eu amo as morenas, as loiras, as
baixinhas, as altas, as lindas, as quase feias. Amo as virtuosas, as magras, as
gordinhas, as diabólicas, as tímidas, e até as mentirosas. As iluminadas, as
pecadoras, e as santíssimas. Amo as virgens, as pobres, as ricas, as loucas, as
muito vivas, as inocentes. As bronzeadas pelo sol, e as branquinhas. As
inteligentes, e as nem tanto. Desde que sensíveis, eu amo as jovens, as velhas,
as solteiras, as casadas, as separadas. As bem-amadas, e as abandonadas. As
livres, e as indecisas. E se me dessem o poder, o tempo, e, principalmente, a
chance, eu a todas elas daria, todos os dias, um orgasmo cósmico e sublime.
Poeticamente.
Apanharia flores silvestres, tomaria sol com todas elas.
Andaríamos descalços na areia, contemplaríamos crepúsculos cor de abóbora,
jantaríamos à luz de velas, dançaríamos, tomaríamos vinho branco, olharíamos as
estrelas. E eu lhes faria poesias de amor. Puro como um anjo, amaria cada uma
delas eternamente — uma por vez. Com delicadeza, com doçura, com profundidade,
com inocência. Entusiasmado, como se cada uma fosse a única. Como se no mundo
inteiro não houvesse mais nada, nem ninguém.
Todas as noites, passaria cremes e encantos no seu corpo.
Falaria sobre fábulas, contaria histórias românticas, as veria dormir. Ao som
de Vangelis, velaria por um tempo o sono delas, e de madrugada, antes do sol
raiar, antes do primeiro pássaro cantar, as cobriria com o resto de luar que
ainda houvesse, e sairia em silêncio. Como um felino lógico, sensual e saciado,
deslizaria pelo cetim azul-celeste dos lençóis, saltaria por sobre todas as
metáforas -- e sorrindo iria embora.
Enfim, se fosse Deus, eu com certeza não mais cuidaria do
universo e dessas coisinhas banais. Não iria ficar controlando o destino das
pessoas, o tempo, a pressa, os compromissos, as horas, o caminho dos planetas,
a economia, o cotidiano, o infinito, a Internet, a geografia... Não!
Eu somente iria amar as mulheres, como elas merecem. E
como nunca foram amadas.
Só isso, definitivamente. Nada mais, nada mais!
Fonte: http://www.arteducacao.pro.br