Nada de traficantes
ou milicianos. Uma das maiores preocupações do delegado da Polícia Federal
Victor Cezar Carvalho dos Santos, na tarde da última sexta-feira, eram "37
mulheres loucas para conhecerem o Rio". São primeiras-damas, mulheres de chefes
de Estado que chegam à cidade no fim deste mês para a Rio+20. Com 15 anos de
PF, o delegado terá em suas mãos a segurança de autoridades no encontro sobre
meio ambiente e em todos os grandes eventos que a cidade vai sediar nos
próximos anos.
O evento vai acontecer
na Zona Oeste. Há preocupação com a circulação das autoridades?
Não acredito que a
milícia de Rio das Pedras, por exemplo, vá planejar um ataque a um chefe de
Estado que esteja participando do evento no Rio Centro. Não é o perfil desses
criminosos. A milícia não é a grande ameaça, apesar de trabalharmos com todas
as possibilidades em nosso planejamento. Estamos preparados para tudo, fizemos
todo tipo de simulação.
Quantos chefes de
Estado estão confirmados ?
Cento e sete, com 37
primeiras-damas. Hoje, recebi a informação de que elas querem passear pelo Rio.
Vai exigir uma operação monstruosa. Não está definido para onde vão, mas já
imagino: Cristo, favelas pacificadas (risos)...
O que mais preocupa
em relação à segurança?
Não são os problemas
que temos aqui, como a milícia e o tráfico, mas aqueles que os países que vem
para cá vivem, como o terrorismo. Países como Irã e Colômbia, que vivem
situações complicadas, e trazem um pouco dessa realidade para cá. Agora, são os
chefes de Estado. Na Copa ou Olimpíadas, são as delegações de atletas que
representam esses países.
Quais as áreas mais
críticas da cidade?
O trajeto do
aeroporto, porque tem que passar pelo Complexo da Maré e do Alemão, além da
Cidade de Deus. Zona Sul é a mesma coisa, porque tem Rocinha, Vidigal. São
locais por onde as comissões vão passar.
A pacificação não
traz uma tranquilidade maior ?
Não descarta que
algum fato isolado ocorra. Que algum desavisado, que esteja cheirado, por
exemplo, resolva fazer alguma coisa. Não acredito que vá acontecer, mas de
qualquer forma não dá para descartar.
Algum crime praticado
hoje no Rio é uma ameaça?
Todo tipo de
criminalidade nos preocupa. Imagina "baterem" a carteira de uma
primeira-dama. Não descartamos nenhuma possibilidade: é desde o
"batedor" de carteira até invasão do espaço aéreo com ataque à bomba.
Quantos homens da
Polícia Federal estarão envolvidos na segurança da Rio+20?
Três mil; 500 do Rio
e 2.500 do resto do país.
Qual é o maior
desafio em planejar essa segurança?
De logística, porque
dependemos dos meios. Buscamos a excelência, mas se não tem dinheiro, como é
muito comum, é difícil. O maior desafio é ter recursos adequados. Na Copa,
serão 12 cidades sede pelos quais os policiais federais vão se deslocar. Não
sabemos como será isso.
Mas houve algum
problema na Rio + 20?
Não, mas não pode
acontecer como no Pan, quando equipamentos chegaram após o término do evento.
Vocês estão esperando
equipamentos chegarem?
Estamos esperando
veículos e aquelas pistolas de descarga elétrica, por exemplo. Vamos recebendo
tudo aos poucos.O que preocupa é que os carros o policial tem que ter o mínimo
de tempo para se familiarizar.
Qual seria o pior
cenário na Rio+20?
A explosão de uma
bomba suja (química, biológica ou radiológica) num ataque ao pavilhão do Rio
Centro que vai concentrar todos os chefes de estado. Não vai acontecer, mas
estamos preparados. Para tudo.
Fonte: http://extra.globo.com
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