Se antes imaginava-se que as populações aceitavam o
soberano como o uno de poder intocável, hoje o conceito se adaptou e tomou
formas mais coerentes. A ideia de que a
massa aceita o domínio do soberano passiva não é mais válida. O poder
totalizante do monarca ou do Estado se vê como alvo do que Hardt e Negri chamam
de multidão. Com a ascensão do uso da internet e a globalização, a noção de
império que se tinha antes sofreu uma metamorfose e adequou-se para o conceito
de Império Global. Modificações como essa tornaram a sociedade mais complexa e
integrada. Ora, se agora o “imperador” teve o seu poder estendido por todo o
globo, os grandes contingentes populacionais agem de forma que suas forças
também se organizem globalmente. A percepção de um explorador comum é o que
motiva não só os trabalhadores, mas todo o tipo de pessoas para uma revolta ou
manifestação.
Trata-se, na verdade, de uma organização em função do
rearranjo da soberania. O advento da internet possibilitou uma organização
democrática de ambos os lados. A consciência que o poder é mais forte quando
exercido conjuntamente possibilitou que grandes revoltas ao redor do mundo
surtissem efeito não só no país em que elas se originaram mas também em muitos
outros. Ao que tudo indica, a multidão funciona proporcionalmente ao poder que
nela incide.
As recentes revoltas têm organizado multidões que
requisitam seus mais fundamentais direitos, como liberdade de expressão. A Primavera
árabe já derrubou líderes opressores e exploradores como Hosni Mubarak e
Muammar Gaddafi.
O movimento “Occupy Wall Street” que requisita uma reforma do sistema econômico e
político, bem como impostos maiores para os americanos ricos e uma maior responsabilidade
por parte das instituições bancárias é um exemplo. O movimento brada por um
sistema mais justo e menos instável, onde empresários e grandes instituições
paguem pelas consequências de suas ações. Assim, o conceito de democracia é
questionado num momento onde a vontade da maioria não é atendida, mas ignorada
e reprimida.
Na Grécia, o gasto descontrolado do governo afundou o
país e quebrou acordos econômicos europeus. Com a chegada da crise financeira
mundial a Grécia passou a dever mais, o que forçou os investidores a cobrar
mais juros. Todos esses fatores juntos podem levar inclusive à exclusão da
Grécia da zona do euro. Cidadãos gregos protestam não só pelo gasto
indiscriminado do governo grego mas também pela austeridade desnecessária imposta
pelos países constituintes da zona do euro.
É processo em que a multidão toma consciência que ambos
os lados da balança têm o mesmo peso e, portanto, uma relação de soberania não
depende única e exclusivamente do poder do soberano, mas também daqueles que
são os governados. As atuais insurreições contra o sistema capitalista têm
esclarecido qual é umas das origens da atual crise econômica mundial.
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