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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A revolta de todos



Se antes imaginava-se que as populações aceitavam o soberano como o uno de poder intocável, hoje o conceito se adaptou e tomou formas mais coerentes. A ideia de que  a massa aceita o domínio do soberano passiva não é mais válida. O poder totalizante do monarca ou do Estado se vê como alvo do que Hardt e Negri chamam de multidão. Com a ascensão do uso da internet e a globalização, a noção de império que se tinha antes sofreu uma metamorfose e adequou-se para o conceito de Império Global. Modificações como essa tornaram a sociedade mais complexa e integrada. Ora, se agora o “imperador” teve o seu poder estendido por todo o globo, os grandes contingentes populacionais agem de forma que suas forças também se organizem globalmente. A percepção de um explorador comum é o que motiva não só os trabalhadores, mas todo o tipo de pessoas para uma revolta ou manifestação.

Trata-se, na verdade, de uma organização em função do rearranjo da soberania. O advento da internet possibilitou uma organização democrática de ambos os lados. A consciência que o poder é mais forte quando exercido conjuntamente possibilitou que grandes revoltas ao redor do mundo surtissem efeito não só no país em que elas se originaram mas também em muitos outros. Ao que tudo indica, a multidão funciona proporcionalmente ao poder que nela incide.
As recentes revoltas têm organizado multidões que requisitam seus mais fundamentais direitos, como liberdade de expressão. A Primavera árabe já derrubou líderes opressores e exploradores como Hosni Mubarak e Muammar Gaddafi.

O movimento “Occupy Wall Street” que  requisita uma reforma do sistema econômico e político, bem como impostos maiores para os americanos ricos e uma maior responsabilidade por parte das instituições bancárias é um exemplo. O movimento brada por um sistema mais justo e menos instável, onde empresários e grandes instituições paguem pelas consequências de suas ações. Assim, o conceito de democracia é questionado num momento onde a vontade da maioria não é atendida, mas ignorada e reprimida.

Na Grécia, o gasto descontrolado do governo afundou o país e quebrou acordos econômicos europeus. Com a chegada da crise financeira mundial a Grécia passou a dever mais, o que forçou os investidores a cobrar mais juros. Todos esses fatores juntos podem levar inclusive à exclusão da Grécia da zona do euro. Cidadãos gregos protestam não só pelo gasto indiscriminado do governo grego mas também pela austeridade desnecessária imposta pelos países constituintes da zona do euro.

É processo em que a multidão toma consciência que ambos os lados da balança têm o mesmo peso e, portanto, uma relação de soberania não depende única e exclusivamente do poder do soberano, mas também daqueles que são os governados. As atuais insurreições contra o sistema capitalista têm esclarecido qual é umas das origens da atual crise econômica mundial.

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