É impressionante como certas pessoas confundem assuntos relevantes para a realidade do momento. Estamos em plena campanha eleitoral de 2010 e passado o 1º Turno a candidata Dilma Rousseff não obteve 50% + 1 dos votos válidos e foi conduzida ao 2º Turno juntamente com o 2º mais votado, o Ex-governador José Serra. Até aí tudo bem!!!
O problema é que, no 2º Turno, a ignorância e o preconceito tornaram-se mais nítidos e passaram a colaborar para debates agressivos por parte dos candidatos. Não sabemos ao certo o que a mídia está pregando ao povo: se a Dilma é candidata a Presidente do Brasil ou a um cargo de religiosa. Pelo que sei o Brasil é um Estado laico, ou seja, não professa nenhuma fé. O que me deixa abismado é a tal “falsa moralidade” de determinados segmentos sociais e religiosos, principalmente de certos evangélicos que acreditam que a candidata tem que defender bandeiras religiosas.
Sou filho de um Pastor Evangélico e Militar da Marinha do Brasil e, nem por isso, deixo de avaliar com censo crítico as “atitudes religiosas” do meio em que fui criado.
O pior analfabeto político é aquele que não quer ler e entender os textos que circulam nas infovias ou na mídia impressa.
A candidata Dilma Rousseff não criou nenhuma novidade jurídica penal. Ela apenas se dispôs a cuidar das mulheres vítimas de aborto sem a devida assistência médica e psicossocial. Creio serem essas mulheres vítimas da inconsequência criada pela própria sociedade que vende sexo 24h por dia (é só assistir aos principais canais de tevês abertos e na internet...). Se fizermos uma analogia, poderemos verificar que, se as mulheres que abortam não têm direito a serem assistidas, clinica e psicologicamente, devido a um ato inconsequente; os dependentes químicos também não deveriam ter o mesmo direito, pois sabemos ser, tanto um quanto o outro, vítimas da cultura capitalista liberal. Já que uma parte dos eleitores religiosos são contra descriminalizar o aborto; vamos aplicar juridicamente o mesmo remédio aos dependentes químicos (usuários), não descriminalizando o consumo individual e puni-los duas vezes: uma pelo preconceito e outra pela aplicação severa da lei (sanções já previstas na lei de entorpecentes). Sabemos que a prática do aborto e da dependência química é mais comum entre os jovens.
Caros brasileiros reflitam sobre o voto consciente, não misturem religião com política, pois as consequências poderão vir sobre todos. Vamos eliminar a “Cultura do Boi” (o domínio do mais forte cultural e economicamente) que prevalece no nosso país, ou seja, não deixar que determinados líderes manobrem o povo como se fosse gado, como diz a letra da música: "Vida de Gado" de Zé Ramalho.
Fonte: Ciro Rod
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