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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Neutralidade de Marina deve ter pouco efeito no eleitor


Em carta dirigida a Dilma e a Serra, ex-candidata critica tom agressivo da campanha no segundo turno e mantém-se neutra

Levemente favorável a Dilma Roussef (PT), mas quase inócua diante de um eleitorado que já vem fazendo uma opção por conta própria e a favor de José Serra (PSDB). Assim é vista por especialistas a opção de Marina Silva – e de seu partido, o PV – de manter-se neutra no segundo turno da disputa pela Presidência.

Em sintonia com os dirigentes do PV, Marina anunciou sua posição ontem, durante convenção do partido em São Paulo. A decisão é vista como pouco impactante por dois motivos: primeiro, por ter sido feita tardiamente, duas semanas após o primeiro turno. Segundo, por deixar à deriva um eleitor cujo voto em Marina já foi uma demonstração da dificuldade em optar pelas candidaturas polarizadas de Dilma e Serra.

– Por mais que o eleitorado de Marina seja o que tem mais acesso a esse tema, não foi pelas causas ecológicas que a candidata teve a votação que teve – opina o cientista político da UnB e consultor de empresas Paulo Kramer.

Conforme diferentes pesquisas de segundo turno, Serra conquistou cerca de 50% do eleitorado de Marina, enquanto Dilma recebeu em torno de 20%. O restante dos eleitores segue indeciso ou anulará o voto. Para Valeriano Costa, professor de Ciências Políticas da Unicamp, foi uma migração natural:

– Marina acolheu um eleitor de classe média, escolarizado que, como ela, deixou o PT por motivos ideológicos. O problema é que ele ainda reluta em votar no PSDB. Se ela declarasse apoio a Serra, poderia ser o impulso que faltava. Por isso, é positivo para Dilma que o movimento tenha estancado.

Apenas quatro de 92 membros do PV recusaram neutralidade

Quanto ao futuro de Marina, a decisão de ontem contribui para transformá-la em um fenômeno eleitoral efêmero em vez de uma nova liderança política. Ao não se posicionar, Marina sai da eleição menor do que poderia.

– É um erro político desastroso. O eleitor se pergunta: que líder é esse que não se posiciona? – questiona Marcus Figueiredo, professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ.

Em carta aberta a ser enviada a Dilma e Serra, Marina criticou seus ex-adversários de promoverem a “mútua aniquilação’’ em uma “dualidade destrutiva”. Na plenária do PV, condenou o tom agressivo da campanha e lamentou que as candidaturas não tenham se posicionado com clareza sobre as 10 propostas encaminhadas pelo PV, entre elas a proposta do novo Código Florestal. Criticou ainda o pragmatismo da “velha política”.

– Republicanos versus Monarquistas, UDN versus PSD, MDB versus Arena e agora, ironicamente, PT versus PSDB. Dois partidos nascidos para afirmar a diversidade da sociedade brasileira se deixaram capturar pela lógica do embate entre si até as últimas consequências.

Dos 92 membros do PV com direito a voto, apenas quatro declararam apoio a Dilma ou Serra. Mesmo Fernando Gabeira, o candidato derrotado ao governo do Rio que contou com o apoio do tucano no primeiro turno, preferiu a independência. Os filiados serão liberados para aderir às campanhas da petista ou do tucano.

Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br

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