Em meio a manifestações, governo do Estado americano recorreu da decisão da Justiça que suspendeu parte da legislação
Pelo menos 37 manifestantes detidos foi o saldo, ontem, do primeiro dia de validade da controversa nova lei anti-imigração do Arizona, no sudoeste dos Estados Unidos. Apesar da suspensão pela Justiça de alguns dos dispositivos mais polêmicos da legislação (veja quadro), os protestos foram grandes não só no Estado, mas também em outras partes do país.
Pelo menos quatro centenas de manifestantes se concentraram diante da sede do governo do Arizona e bloquearam os acessos às principais delegacias de polícia de Phoenix, poucas horas após a entrada em vigor da lei, à 0h (3h pelo horário de Brasília). Agitando bandeiras mexicanas e americanas e ao som de canções, os manifestantes levavam faixas com dizeres como: “Cessem as perseguições, não mais expulsões” e “Deixem de caçar os imigrantes, já”. Um grupo veio de Los Angeles, no vizinho Estado da Califórnia, em uma caravana de ônibus locados.
A confusão foi tão grande que o polêmico xerife da cidade, Joe Arpaio, repleto de trabalho, foi obrigado a interromper temporariamente sua “caça” aos imigrantes ilegais. Arpaio, que se autodenomina o “xerife mais durão da América”, promove na cidade uma ação policial ao estilo “tolerância zero”.
Ao mesmo tempo, o governo do Arizona entrou ontem com um recurso contra a decisão da juíza federal Susan Bolton de barrar parte da lei. A governadora do Estado, Jan Brewer, que mantém uma queda de braço com o presidente Barack Obama sobre a questão, acusou a Casa Branca – contrária à nova lei – de não honrar a sua responsabilidade de combater a imigração ilegal.
– A imigração ilegal é uma crise em andamento que o Estado do Arizona não criou e com a qual o governo federal se recusa a lidar – disse Jan, do Partido Republicano.
Estado é alvo de uma campanha pedindo boicotes
Entre advogados locais, entretanto, a avaliação é de que a iniciativa da juíza não impedirá que a polícia venha a abordar suspeitos de imigração ilegal para verificar a documentação. Esse é o passo que, em seguida, pode levar à prisão, aplicação de multa e deportação dos que não comprovarem residência legal no país.
– A lei não foi invalidada. A decisão da juíza Bolton apenas acaba com a obrigação do policial de abordar qualquer suspeito. Se o fizer, ele terá de mencionar em relatório quais os critérios de sua suspeita de que aquela pessoa era imigrante ilegal – explicou o advogado Philip- pe Martinet, de Phoenix.
Paralelamente, os boicotes no país contra produtos do Arizona continuam em vigor, assim como o apelo para que músicos cancelem apresentações no Estado. A Associação de Hotéis do Arizona já calcula uma perda de US$ 12 milhões com o cancelamento de 40 encontros de negócios.
Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br
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