O esforço feito pelo governo federal nos últimos anos, como a criação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ainda não foi suficiente para garantir a melhora da infraestrutura brasileira. Pelo contrário. O País lidera a lista das piores estruturas de transporte e logística entre seus concorrentes, mostra levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O trabalho selecionou 14 países com características econômicas e sociais semelhantes às do Brasil e que tenham participação no mercado internacional. Foram avaliados os setores de transportes, energia e telecomunicações de todas as nações. No geral, o País ficou com a terceira pior colocação, à frente apenas de Colômbia e Argentina.
Mas, no item transportes, ninguém desbancou o Brasil. ‘Além da qualidade da infraestrutura, a grande deficiência do setor é a falta de conexão entre as diversas modalidades‘, diz o diretor executivo da CNI, José Augusto Fernandes, coordenador do estudo sobre competitividade, que será apresentado quarta-feira (1º/12/2010) a 2 mil empresários, no Encontro Nacional da Indústria, em São Paulo.
Dentro do setor, a infraestrutura portuária teve a pior classificação. ‘Apesar dos avanços, como a implementação do Programa Nacional de Dragagem, a gestão de todo complexo portuário é muito complicada e afeta diretamente a competitividade do País’, diz Fernandes. Segundo ele, boa parte dos portos nacionais não tem capacidade para receber grandes navios, o que seria um grande avanço para reduzir os custos de transportes.
A qualidade da infraestrutura ferroviária também rendeu uma posição ruim para o Brasil, que ficou na penúltima colocação. Nesse caso, explica o executivo da CNI, o que mais pesou foi o tamanho da malha nacional, de apenas 28 mil quilômetros (km). Além disso, o transporte ferroviário é concentrado em poucos produtos: só o minério de ferro representa 74% da movimentação total das ferrovias.
A qualidade das rodovias ficou com o 12.º lugar e o transporte aéreo, em 11.º lugar. Na opinião do professor da Fundação Dom Cabral Paulo Tarso Resende, o grande problema é que o Brasil está sempre correndo atrás do prejuízo. Ele afirma que a expansão dos investimentos nos últimos anos promoveu alguns avanços na infraestrutura.
‘Mas, com o crescimento econômico, a demanda foi muito maior que o aumento da oferta. Toda evolução acabou sendo engolida pelo avanço da economia e da demanda’, afirma o professor. Segundo ele, se os investimentos não tivessem sido elevados, o País teria parado.
O grande desafio do próximo governo, diz o professor, será aumentar o volume de recursos destinados ao setor de infraestrutura logística, dos atuais 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB) para, no mínimo, 4% ao ano.
Energia. Nas áreas de energia e telecomunicações, o pior resultado, 11.º lugar, ficou com os serviços de internet de banda larga. O segmento de eletricidade ocupou a 8ª posição. Desde o racionamento de 2001, o setor tem tido leilões periódicos, de usinas e de linhas de transmissão.
PIORES POSIÇÕES NO RANKING
Países avaliados: Rússia, Canadá, Coreia, África do Sul, Espanha, Austrália, Chile, México, China, Índia, Polônia, Colômbia, Argentina e Brasil
Infraestrutura portuária: Ficou em 14º lugar. Além da precariedade do acesso terrestre, os portos têm grandes problemas com a profundidade de seus canais de acesso marítimo. O Programa Nacional de Dragagem deverá amenizar o problema, mas muitos terminais continuarão sem capacidade para receber a nova geração de navios de grande porte
Infraestrutura ferroviária: Ficou em 13º lugar. Um dos principais problemas é o tamanho da malha, de apenas 28 mil km. Além disso, o transporte ferroviário está concentrado em poucos produtos. O principal deles é o minério de ferro
Qualidade das rodovias: Ficou em 12º lugar. Apenas 11% de toda malha rodoviária nacional é pavimentada. E boa parte dela ainda está em condições consideradas ruins, péssimas ou regular
Fonte: http://www.estadao.com.br
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