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domingo, 26 de dezembro de 2010

Mulher justifica agressão em metrô: ‘Faria de novo’


Nesta época do ano, o nível de estresse aumenta 75%, fato comprovado por uma pesquisa feita em Porto Alegre e São Paulo.

O último Fantástico de 2010 começa com uma imagem que marcou a semana: briga no metrô de São Paulo. Será que a época de festas também é época de estresse? “Eu faria de novo. Ninguém vai apanhar de graça”, disse a dona de casa Inês Espinoza.

No horário de pico na semana mais movimentada do ano, uma jovem ocupa o assento preferencial, destinado a idosos, grávidas e pessoas com deficiência. O Fantástico localizou a mulher que, na gravação, grita com a moça.

“Tinha um monte de grávida do meu lado, um monte de idosos, aqui do meu lado tinha uma deficiente visual tentando se segurar”, lembrou a dona de casa Inês Espinoza.

“Eles estavam pedindo para uma moça que não era da vaga preferencial pedindo para sair. Aí começou uma discussão. Eu estava com o celular na blusa e tirei. Foi só apertar um botão”, comentou o autor do vídeo, Gilvanei José.

“O rapaz virou para ela e falou assim: ‘Ó, eu só não te meto a mão na cara, não te tiro daí porque eu sou homem’. Aí eu respondi de lá: ‘Por isso não, eu sou mulher’”, lembra Inês.“Eu só a arrastei. Como ela me bateu, eu bati nela e depois a arrastei pelos cabelos”, continuou a dona de casa.

“Teve gente ali que aproveitou a situação e bateu nela também”, disse o autor do vídeo, Gilvanei José.

Um senhor abraçou a moça e conseguiu conter o acesso de fúria. “Pela gravação, se não fosse o senhor, acho que o pessoal que ia fazer alguma bobeira ali no metrô”, acredita Gilvanei José.

Na estação seguinte, as agressoras foram retiradas do vagão. “Eu fiz isto para outras pessoas sentarem. Foi onde eu dei espaço para a deficiente visual sentar. Logo veio uma senhorinha e sentou também”, alegou Inês Espinoza.

Mas é bom que fique claro: para quem estuda o comportamento humano, Inês errou. Ainda que a intenção fosse boa, não há justificativa para a agressão física ou verbal.

“Existem pessoas que têm um temperamento de ser mais justiceira, mas existem várias maneiras de a gente brigar por isso”, destaca a psicóloga Mariângela Gentil Savoia, do Hospital das Clínicas em São Paulo.

Antes da briga, a própria Inês desrespeitou a lei – estava no vagão errado. Ela pegou o embarque preferencial e foi no vagão que é preferencialmente de idosos e de pessoas com deficiência. “Mas é difícil eu pegar, porque eu estava com pressa mesmo”, justificou Inês.

Pressa, no final de ano, quem não tem? “O mundo não está terminando, só o ano que está acabando”, observa a psicóloga Mariângela Gentil Savoia.

Nesta época, o nível de estresse aumenta 75%, fato comprovado por uma pesquisa feita em Porto Alegre e São Paulo. Os motivos? “Tem que fazer compras, gasta dinheiro que a gente sabe que não tem”, aponta a fisioterapeuta Priscilla Robles. “É muita gente e muito movimento”, comentou uma senhora.

Ana Maria Rossi, psicóloga especialista em estresse, coordenou a pesquisa e vê outras razões. “As pessoas estão avaliando seu ano e estão planejando o ano seguinte. Elas confraternizam com pessoas que até muitas vezes elas não gostam, elas muitas vezes odeiam, mas elas têm que simular”, diz.

“Eu sou meio contra este negócio de Natal, todo mundo ficar amigo”, opina um jovem.

“As pessoas muitas vezes dormem menos. Então, com isso, elas ficam mais irritadas, mais impacientes e muitas vezes elas ficam muito iradas, mais agressivas”, destaca a psicóloga Ana Maria Rossi.

Em uma retrospectiva de flagrantes de violência, coincidência ou não, todos aconteceram em dezembro. Em 2003, houve uma briga de camelôs no Centro de São Paulo; em 2006, nervos à flor da pele no aeroporto.

Em 2007, uma batidinha leve vira selvageria, com chutes na porta do carro e risco na lataria. Os agressores não respeitam nem a grávida, que pede calma. Em mais um chute, a porta atinge a barriga.

“Muitas vezes, as pessoas vão colecionando durante o ano frustrações e ressentimentos. Nessa época do ano, por ser uma época mais emocional, parece que os nervos das pessoas ficam mais à flor da pele”, aponta a psicóloga Ana Maria Rossi.

Bastou a equipe de reportagem do Fantástico entrar no metrô e flagramos outro bate-boca. “Estão me empurrando em cima dela e ela está achando que sou eu. Fazer o quê? Me empurraram aqui e eu falei: ‘Meu Deus, vou apanhar aqui por causa dos outros’. Está desculpado, claro. O mundo inteiro está vendo, está desculpado”, finaliza um senhor.

Fonte: http://fantastico.globo.com

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