Serra e a petista protagonizam troca franca de acusações sobre "calúnias"
Conforme as expectativas foi repleto de ataques pessoais o primeiro debate entre os principais presidenciáveis na TV após o surgimento das denúncias de violações de sigilos fiscais na Receita Federal e da existência de uma rede de cobrança de propina na Casa Civil do Palácio do Planalto.
Por conta dos escândalos relacionados ao governo federal, foi a candidata governista, Dilma Rousseff (PT), o alvo principal dos questionamentos dos adversários José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL).
A troca de ofensas foi protagonizada entre a petista e o tucano. Ambos foram levados a reivindicar direito de resposta e conseguiram. O bloco mais quente do programa foi o terceiro. Afirmando que as respostas da candidata eram evasivas, Serra partiu para o ataque. "Não se sabe se você é ou não caluniadora ou é ou não evasiva. Mas você sistematicamente não responde às perguntas", acusou o tucano.
"Eu também tenho história", respondeu Dilma, que durante um direito de resposta também chamou o tucano de caluniador.
A ex-ministra ainda completou dizendo que ele não é dono da verdade. "Não subestime ninguém, candidato", no momento mais quente do programa.
Questionada sobre as relações entre o governo Lula e o Irã, ela respondeu que essa é uma questão diplomática. Apesar da presença da rival, Serra voltou a dizer que não há debates. "Você não responde a perguntas, não vai a debate. (...) Questões que envolvem democracia e moralidade não se resolvem com brabeza", disse Serra em um direito de resposta.
"O candidato adversário quer ganhar essa campanha no tapetão, porque não consegue convencer o povo brasileiro", retrucou Dilma no começo do direito de resposta.
Formato
O debate promovido pela Rede TV! e pelo jornal "Folha de S.Paulo", foi dividido em cinco blocos. Em três, os candidatos puderam fazer perguntas aos oponentes. Porém, cada presidenciável só poderia responder duas vezes por bloco e, nos três, a petista foi alvo de duas perguntas.
Em dois blocos, duas jornalistas ficaram responsáveis pelos questionamentos. Em um deles, foi perguntado a Dilma se ela colocaria mão no fogo por Erenice Guerra, seu braço direito e sucessora no Ministério da Casa Civil, cujo filho é acusado de fazer lobby para empresários. A candidata evitou responder, afirmando que não pode ser responsabilizada pelo filho de uma ex-assessora. "Não vou aceitar que se julgue a minha pessoa baseado no que aconteceu com o filho de uma ex-assessora minha", disse.
Já Marina perguntou à petista porque "o atraso ético ainda permanece" no país. Dilma respondeu citando uma série de feitos do governo Lula. "Nós participamos do mesmo governo. Tivemos o CGU, fizemos o portal da transparência, reforçamos a PF", declarou.
"É a primeira vez que vejo a Dilma mencionar minha participação no governo", rebateu Marina.
Plínio preferiu evitar o tema da corrupção, que, segundo ele, nada tinha a ver com o seu partido "Essa sujeirada não é o que me interessa nessa campanha. O debate político deixou as grandes questões", disse.
Pressão
Serra também foi acuado por dois momentos. Ele foi perguntado se estava utilizando politicamente as denúncias de que houve quebra do sigilo bancário de sua filha, de seu genro e de pessoas de seu partido para "ganhar terreno". "Não tem nada a ver. (...) Quebram o sigilo da minha filha, eu suspeitava, mas não tinha prova disso. Eu não vou, com base em suspeitas, ficar levantando uma acusação sem ter uma base para isso".
Em outro momento, foi lembrado que o tucano critica o governo Lula mas utilizou a imagem do presidente em um de seus primeiros programas na TV. Serra deu uma resposta vacilante, mas se comparou com o petista em termos biográficos e de ter disputado várias eleições como ele.
Fonte: http://www.otempo.com.br
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