BRASÍLIA - Para a equipe do ministro da Fazenda, Guido Mantega, a taxa de investimento doméstico deve fechar 2010 em 19% do produto Interno Bruto (PIB). A variação real do PIB foi revisada para 6,5% sobre o ano anterior, ante 5,5% esperados antes, enquanto a inflação oficial é aguardada ao redor de 5%.
Na publicação " Economia Brasileira em Perspectiva " , uma revista para investidores estrangeiros feita com periodicidade bimestral, a Fazenda refez várias estimativas para indicadores ao longo do ano, já com base nos dados divulgados essa semana pelo IBGE, que mostraram avanço do PIB de 2,7% no primeiro trimestre ante período igual anterior.
Após mencionar o esperado desaquecimento da atividade a partir deste segundo trimestre, retirados os incentivos anticrise, a projeção é de que a demanda interna sustentará o crescimento com alta de 11,9% sobre a base de 0,1% positiva de 2009, quando o PIB efetivo recuou 0,2%.
A demanda externa líquida tem previsão de recuo em 2,9%, sobre a queda de 0,3% em 2009. O documento menciona que a crise europeia é " outro fator a arrefecer o dinamismo atual " , com risco de " diminuir a disponibilidade de crédito externo, impactando as exportações para aquela região e a rolagem de dívida das empresas. "
Dados divulgados pelo IBGE junto com o PIB apontaram que o ritmo de crescimento das exportações no primeiro trimestre foi de 14,5%, ante 39,5% de alta nas importações, sobre período igual de 2009.
Outro indicador informado ao investidor foi sobre a constatação de aumento da classe C em 2009. De acordo com levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mesmo com a crise mundial, a chamada classe C - renda mensal entre R$ 1,115 a R$ 4,807 - ficou praticamente estável ano passado, equivalente a 53,6% da população brasileira, ante 53,8% em 2008.
Sobre a inflação, o documento da Fazenda menciona a expectativa do mercado financeiro para 5,6% do IPCA este ano. " Apesar das expectativas de mercado, esperamos IPCA anual próxima a 5,0% " , diz o texto. Ou seja, dentro do intervalo de dois pontos percentuais permitidos na meta de 4,5%.
Há uma longa explicação sobre a pressão do grupo alimentos na inflação até abril, afetado por excesso de chuvas em algumas regiões, e de como tal pressão começa a se dissipar com a entrada da safra agrícola.
Do lado dos estímulos ao crescimento, a publicação aponta que o volume de crédito bancário deve chegar a 49% do PIB ao fim do ano, ante 45% em 2009, puxado pela oferta a pessoas físicas (no segmento livre).
Mesmo com a alta prevista, o crédito no Brasíl ainda ficará aquém da relação apresentada, por exemplo, nos Estados Unidos, onde equivale a 187% do PIB, ou na Espanha (170%), Inglaterra (155%), França (153%). Mas acima do México (33% do PIB) e da Argentina (12%).
O crédito imobiliário no Brasil está entre os volumes menores de todo o mundo, em 3,2% do PIB, ante 100% do PIB na Dinamarca ou 78% nos EUA, por exemplo. A Fazenda prevê ainda a elevação das reservas cambiais do país a US$ 271 bilhões ao fim do ano, ante US$ 238,5 bilhões em 2009.
Fonte: Valor Online
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