Funcionário do banco telefonou para repórter de EXAME e recomendou a compra dos papéis, que seriam um "excelente negócio"
O Banco do Brasil desrespeitou norma da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que restringe a veiculação de material publicitário em ofertas de ações e proíbe a recomendação de compra dos papéis. EXAME constatou a irregularidade após um funcionário de uma agência do BB localizada na avenida Faria Lima, em São Paulo , ter telefonado para uma jornalista da revista para oferecer os papéis. Segundo ele, comprar ações do BB na oferta seria um "excelente negócio". A repórter recusou a proposta, já que todos os jornalistas de EXAME estão impedidos de comprar ações para evitar conflitos de interesse. O funcionário trabalha para o BB Estilo, o segmento do banco voltado para clientes de alta renda.A ligação foi realizada às 18h24. Os nomes tanto do empregado quanto da repórter que recebeu a ligação serão preservados por decisão de EXAME.
A CVM não permite que bancos e corretoras que fazem a intermediação de ofertas públicas de ações manifestem opiniões a clientes sobre a atratividade dos papéis. No caso do BB, a falta é ainda mais grave porque as ações em questão são as do próprio banco - e não de alguma empresa que contratou a instituição para trabalhar nos esforços de distribuição.
Para proteger as pessoas físicas que investem na bolsa, a CVM é bastante rígida em relação a ofertas públicas e exige que todo material publicitário usado na oferta seja previamente aprovado. O órgão regulador tem até mesmo a prerrogativa de suspender uma oferta pública caso entenda que algum material publicitário inadequado foi utilizado para ludibriar investidores. Em 2009, a CVM chegou a excluir 23 corretoras brasileiras que trabalhavam como intermediárias na oferta inicial de ações da Cielo (ex-Visanet) por causa de propaganda indevida.
Todas a informações relevantes sobre a oferta pública devem constar do prospecto divulgado ao mercado em anúncio nos jornais e nos sites das corretoras. Nenhum executivo do BB pode se manifestar sobre o assunto durante todo o período de duração da ofeta. Outra precaução da CVM é exigir que todos os interessados em comprar os papéis só possam reservar as ações após terem feito o download do prospecto. A medida visa proteger os investidores, que muitas vezes compram ações sem conhecer os riscos envolvidos em qualquer operação realizada em bolsa de valores nem os riscos específicos de cada oferta.
O período para a reserva de ações terminou nesta terça-feira. O BB planeja captar cerca de 10 bilhões de reais com a oferta pública de ações, que deverá elevar o percentual de ações do banco em circulação de 21% para 32% do total. O preço por ação será fixado nesta quarta-feira. Os novos papéis começam a ser negociados na Bovespa na sexta. Nesta terça, as ações ordinárias do BB (BBAS3) terminaram o dia negociadas a 25,50 reais, com queda de 4,14%.
Fonte: http://portalexame.abril.com.br
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