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quarta-feira, 16 de junho de 2010

PF: quadrilha que fraudava concursos cobrava até US$ 150 mil

 
BRASÍLIA - A Polícia Federal divulgou nesta quarta-feira que foi desmontada uma quadrilha que praticava fraudes em concursos públicos em todo o País. Doze pessoas foram presas. De acordo com a PF, os investigados atuavam há pelo menos 16 anos na violação de provas.

O delegado Victor Hugo Rodrigues Alves, responsável pela operação, afirmou que a quadrilha chegava a cobrar R$ 50 mil pelas respostas da prova do Exame da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB (2ª fase/2010), US$ 50 mil pela de agente da PF de 2009 e US$ 150 mil pela prova do auditor da Receita Federal (Auditor-Fiscal/1994). Além disso, o grupo cobrava R$ 30 mil para fornecer diplomas aos candidatos.

Foram expedidos 34 mandados de busca e apreensão, sendo 21 na Grande São Paulo, um no Rio de Janeiro, três na região de Campinas e os demais na Baixada Santista, além de 12 mandados de prisão temporária. Durante a execução dos mandados, os agentes apreenderam dinheiro, equipamentos para fraude e cadernos de provas nos endereços abordados. A polícia identificou 53 candidatos que tiveram acesso à prova de Agente Federal, 26 candidatos que tiveram acesso à prova da OAB e há indícios de que pelo menos 41 candidatos tenham tido acesso à prova da Receita Federal.

Segundo a PF, a organização criminosa se articulou para fraudar concursos da Caixa Econômica Federal, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) - Perito Médico, da Advocacia Geral da União - Advogado da União, da Santa Casa de Santos - Residência Médica, de Defensor Público da União e da Faculdade de Medicina de Ouro Preto. Apesar de negar que estas provas foram efetivamente fraudadas, a polícia constatou indícios de fraudes em outros concursos, que também serão investigados.

A atuação do grupo criminoso para obter as respostas das provas era variada. A polícia identificou que a fraude era realizada por meio de aliciamento de pessoas que tinham acesso ao caderno de questões, para acesso antecipado às provas; repasse de respostas por ponto eletrônico durante a realização do concurso e a indicação de uma terceira pessoa mais preparada para fazer o concurso no lugar do candidato-cliente.

Os 12 envolvidos no esquema serão enquadrados nos crimes de formação de quadrilha, violação e sigilo funcional, estelionato, receptação e falsificação de documentos públicos. Já os candidatos identificados irão responder por crime de receptação e estelionato. Entre os líderes da quadrilha estão um policial rodoviário federal e um dono de universidade de São Paulo. A PF não citou o nome dessas pessoas.

A Polícia Federal iniciou a operação a partir de informações obtidas durante a investigação sobre o concurso para agente da PF, em 2009. A partir de fevereiro deste ano, com o aprofundamento dos trabalhos, a PF identificou que a quadrilha atuava em todo o País, mediante o acesso aos cadernos de questões, antes da data de aplicação das provas. Outros concursos como o da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) estão sob suspeita.

Beneficiados já estavam na academia da PF

As investigações comprovaram que seis candidatos que já estavam na Academia da Polícia Federal se beneficiaram do esquema da quadrilha. Essas pessoas foram desligadas da academia e indiciadas por receptação e estelionato. Os candidatos iriam se formar sexta-feira e depois seriam efetivadas como agentes da PF.

Esquema

Segundo o diretor de Inteligência da PF, Marcos Davi Salem, durante a aplicação da prova do concurso da OAB, em 2010, um dos fiscais verificou que havia anotações no caderno de provas de um dos candidatos, o que é proibido pelas regras do concurso, e recolheu o material. O fiscal verificou que as anotações eram respostas das questões da prova.

Sobre o concurso da Receita Federal de 1994, Salem explicou que na época foram divulgadas informações de fraude no concurso. Por meio de uma ação judicial, 41 pessoas foram autorizadas a fazer o curso de formação, no qual seria aplicada uma prova final. Como não conseguiram acompanhar o curso, elas pediram à quadrilha as respostas da prova. Foi nesse novo contato que a PF verificou a fraude. Por decisão da Justiça, essas pessoas teriam direito a uma indenização no valor de R$ 123 milhões por salários atrasados. A quadrilha receberia parte desse valor.

O delegado Alves disse ainda que a Polícia Federal já está ouvindo os candidatos beneficiados pelo esquema da quadrilha. Entre os beneficiários estão o filho do líder da quadrilha, sua nora, sua ex-mulher e amigos. 


Fonte:  http://jbonline.terra.com.br

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