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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Teles devem investir R$ 200 bilhões até 2018


São Paulo - A compra do controle da Vivo pela Telefónica e a entrada da PT (Portugal Telecom) na Oi marcam uma nova fase de investimentos estrangeiros no Brasil, que se tornou o país preferido pelos investidores no setor de telecomunicações. Movimentando R$ 25,7 bilhões, os dois negócios são os maiores do setor no país. Isoladamente, a compra do controle da Vivo pela Telefónica, por R$ 17,2 bilhões, é o maior deles e torna a operadora espanhola a maior do país.

Para concluir a compra da participação da PT na Vivo, a Telefónica conseguiu financiamentos com um grupo de bancos na Europa que totalizaram 8 bilhões. Parte dos recursos será destinada à redução de sua dívida e o restante ao pagamento da compra do controle da Vivo.

Segundo a Telefónica, 60% dos 7,5 bilhões serão pagos após a aprovação pela Anatel. O restante será pago em duas parcelas: R$ 1 bilhão no final deste ano e R$ 2 bilhões em outubro de 2011. Metade desse dinheiro será reinvestida no Brasil porque a PT usará esses recursos para injetar na Oi, empresa de que passa a deter 22,4%.

Estimativas da própria Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) indicam que o setor deverá receber mais de R$ 200 bilhões em investimentos até 2018. A cifra considera, por exemplo, os recursos que serão obtidos com o leilão das últimas faixas de frequência da telefonia celular em terceira geração (3G), da banda H, previsto para este ano. Grupos estrangeiros já visitaram a agência e estão interessados em participar do leilão. Dentre eles estão a americana Nextel, as japonesas KDD e NTT DoCoMo, a francesa Vivendi, entre outros, inclusive brasileiros. Não estão incluídas no cálculo as fusões e as aquisições que ainda estão por vir, a exemplo do que ocorreu entre Oi, PT, Telefónica e Vivo. Outros processos de consolidação devem ocorrer nos próximos dois anos.

Pacotes combinados

Números apresentados pela PT a investidores na semana passada explicam o que os grupos estrangeiros veem no Brasil.

Na lista dos países com mais de 100 milhões de habitantes e PIB nominal acima de US$ 1 trilhão, o país é o que mais se destaca em termos de crescimento. Nos cálculos exibidos pela PT, o país deverá estar entre os quatro maiores do mundo, com um PIB de US$ 8,7 trilhões, em 2015. De acordo com as projeções da PT, até 2014 22% dos domicílios brasileiros terão TV por assinatura, todos os brasileiros terão pelo menos um número de celular e 33% estarão navegando na internet pela rede móvel (3G). Mas, para as teles, o mais importante é que 33% dos domicílios devem preferir pacotes combinados (internet, TV, telefonia fixa e móvel), tipo de serviço que vai definir a competição entre as teles nos próximos anos. Por isso, elas estão se fundindo. Com suas empresas reunidas, elas podem oferecer diversos serviços emitindo somente uma fatura. Separadas, o pacote custaria mais caro. A Anatel confirma o cenário. Até 2018, o país terá 160 milhões de acessos à internet (120 mi pela rede móvel). Quase todos as 45 milhões de linhas fixas estarão conectadas à internet. E o País terá 272 milhões de celulares habilitados.

CONTROLE ACIONÁRIO

Cláusula é forma de blindar a Oi. Condição é maneira de impedir que a operadora seja presa fácil para empresas chinesas, americanas e européias.

Brasília - A cláusula que impede alterações no controle acionário da Oi até 2015 está sendo interpretada por especialistas como uma forma de impedir que a operadora seja presa fácil para o apetite de outras empresas estrangeiras, como as gigantes chinesas, americanas e a europeia Vodafone, que ainda não atuam no mercado brasileiro. Uma fonte ligada às negociações pelo lado da Portugal Telecom (PT) disse que essa condição teria sido imposta pelos controladores brasileiros para "blindar" a Oi de outros acionistas.

"Se a Oi é a empresa brasileira de telecomunicações, quanto mais se fechar a estrutura acionária, menos problemas terá", afirmou a fonte. "As operadoras internacionais gostam do mercado brasileiro. Essa cláusula impede que a empresa seja alvo de cobiça, pelo menos nos próximos cinco anos", completou.

Segundo essa fonte, para fazer a blindagem de fato, a cláusula vigente até então no contrato de acionistas firmado na época da aquisição da compra da Brasil Telecom (BrT) pela Oi, que estabelece o direito de preferência de compra das ações de determinado acionista que queria sair do controle para os demais componentes do bloco de controle, não seria eficaz. "A partir de determinado valor, o direito de preferência é complicado de ser exercido. A cláusula, então, torna mais difícil a compra durante o período previsto no contrato", observou.

Demanda dos controladores

A cláusula que "amarra" o controle da empresa até 2015, segundo a fonte, teria sido a saída encontrada para fazer a "blindagem" requerida pelos controladores da Oi, no encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 17 de junho. Tanto que, no início, os controladores da Oi estavam resistentes em ceder espaço aos portugueses no bloco de controle da empresa. Mas, segundo essa fonte, à medida que a PT conseguiu arrancar mais dinheiro da Telefónica, o grupo português pode aumentar a oferta para os brasileiros a tal ponto que teria ficado "irrecusável". Porém, para ficar bem com o governo brasileiro, que mudou até a legislação do setor para permitir a compra da BrT pela Oi, a Andrade Gutierrez e a La Fonte teriam imposto a cláusula como condição, com o comprometimento de continuar na Oi até 2015, como forma de impedir que a tese da "supertele nacional" fosse colocada em xeque.

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com

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