A combinação de boa alimentação com atividade física constante é capaz de prevenir, em grande número, cânceres relacionados, sobretudo, ao sistema digestivo. Sessenta por cento dos casos de tumores de boca, faringe, laringe e esôfago e 52% dos casos em que a doença atinge o endométrio podem, assim, ser evitados. Os dados, específicos para o país, fazem parte do relatório Políticas e ações para a prevenção do câncer no Brasil: alimentação, nutrição e atividade física, lançado em fevereiro, pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), em parceria com o Fundo Mundial de Pesquisa contra o Câncer (WCRF). Reportagem de Ludymilla Sá, no Correio Braziliense.
A publicação também informa que 41% dos tumores de estômago, 34% dos de pâncreas, 37% dos de intestino grosso (colorretais) e 19% de todos os outros tipos da doença poderiam ser evitados por meio de alimentação adequada, nutrição, exercícios físicos regulares e gordura corporal adequada. O sedentarismo e o consumo de alimentos processados e ricos em sal, gorduras e açúcares têm contribuído para o aumento de peso, incidência de obesidade e o desenvolvimento de doenças crônicas, até mesmo em crianças e adolescentes.
Por isso, o relatório chama a atenção para medidas simples, como consumir água potável e cuidados com a higiene e conservação dos alimentos. Ela também recomenda investimentos em educação alimentar desde a infância e a divulgação de práticas saudáveis, inclusive na escola, e pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Mas todas as recomendações definidas para prevenção do câncer terão maior eficácia quando associadas àquelas que previnem a obesidade e outras doenças crônicas, segundo afirma a oncologista clínica e presidente da Sociedade Mineira de Cancerologia, Ana Alice Vieira Barbosa. “Sobretudo no caso de mulheres, a associação de alimentação saudável com a prática de exercícios físicos regularmente são importantes para a prevenção do câncer de mama porque há uma relação hormonal. O tecido adiposo é responsável por parte da produção de estrógeno e a quantidade anormal de gordura no organismo atrapalha a produção desse hormônio.”
Entre as mulheres, a redução de altos percentuais de gordura corporal também diminuiria significativamente o risco de câncer de esôfago, pâncreas, vesícula, reto, endométrio e rim. A estatística é especialmente importante diante do quadro vivido atualmente — não somente no Brasil. Em 2009, cerca de 11 milhões de pessoas em todo o mundo foram diagnosticadas com algum tipo da doença, que responde por, aproximadamente, 8 milhões de mortes todos os anos.
Segundo a médica, é preciso cuidado para não atribuir aos alimentos, sozinhos, um poder demasiado. Ana Alice recomenda que, para que eles possam realmente ajudar, é necessária uma combinação: “Uma dieta colorida, com verduras e legumes, de duas a três porções diárias, intercalando com frutas. E evitar a ingestão de defumados, como churrasco e bacon. A carne vermelha não é proibida, mas é bom variar com a branca e com peixe.”
A oncologista faz um alerta claro: “A alimentação não faz milagre, muito menos combate o câncer. É uma questão de prevenção. Há pessoas que podem comer frutas e verduras, fazer exercícios físicos de forma regular e, mesmo assim, desenvolver a doença. Há vários fatores que influenciam, como a hereditariedade.
Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br
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