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sexta-feira, 4 de junho de 2010

'Passione' abre espaço para atores mais velhos

 
Aos 88 aos, a atriz Cleyde Yáconis está no elenco na novela "Passione", exibida pela TV Globo. Com mais de 60 anos de carreira, ela interpreta Brígida Gouveia, sogra de Bete Gouveia, personagem de Fernanda Montenegro, outra veterana que aos 80 anos vive mais uma protagonista na televisão. Ambas fazem parte de um mercado que cresce e extrapola os limites da televisão: a presença de veteranos na ativa profissionalmente.

O elenco na nova trama de Silvio de Abreu também traz outros nomes que já integram a chamada terceira idade, denominação que no Brasil engloba pessoas com idades acima dos 60 anos. São eles Francisco Cuoco, Aracy Balabanian, Elias Gleiser e Flávio Migliaccio. A presença de pessoal ativo nessa idade acompanha o crescimento da expectativa de vida da população em geral, que é de 72,8 anos, segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado no fim de 2009. O índice tem apresentado crescimento todos os anos e, até 2025, o Brasil será o sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Que essa novela sirva para alguma coisa e não seja só diversão superficial. O Sílvio de Abreu escreve assim, pensando além do entretenimento. Por toda a minha vida procurei escolher o repertório. Optei pela dramaturgia em que você tem obrigação com o público e procura melhorá-lo eticamente. A minha profissão permite trazer essa análise ao público e, por isso, posso encará-la como uma missão", disse Yáconis, sobre sua personagem e sobre o fato de ainda se sentir motivada na carreira de seis décadas.

Não é só na TV que os veteranos têm oportunidade de atuar. Segundo Fernando Montero da Costa, consultor de Recursos Humanos e Diretor de Operações da Human Brasil, o mercado está aquecido para profissionais da terceira idade. "Principalmente em áreas mais técnicas, como engenharia", disse. Veja como estão as oportunidades para esses profissionais e o que muda na carreira, segundo o especialista:

Qualificação

Montero da Costa explica que há uma década carreiras técnicas registraram queda na procura. "A falta de investimentos em infraestrutura foi a causa da diminuição, o que gerou uma espécie de apagão profissional nesses setores", disse. Há cinco anos, segundo o consultor, essa realidade voltou a mudar, mas ainda há alta demanda no mercado por profissionais qualificados, o que aqueceu as oportunidades para aposentados ou profissionais em idade para se aposentar.

Apesar da recente valorização, o mercado ainda começa a enxergar esses profissionais e há diversos setores que ainda podem ser explorados. "O cenário tornou-se favorável para profissionais entre 55 e 65 anos. Quem tem boa formação e especialidade em alguma área, não encontra muita dificuldade. Está até difícil achar trabalhadores assim."

Tarefas como consultoria, assessoria ou coach são oportunidades, mas não as únicas. Muitas empresas buscam associar a experiência com a garantia de uma parceria duradoura, com a contratação de aposentados. "Querem evitar profissionais jovens que mudam muito de emprego", disse o consultor.

Reciclagem

Estar longe do mercado de trabalho não é impedimento para voltar ao batente, principalmente em áreas técnicas. "Elas se destacam porque esses profissionais estão prontos imediatamente para o trabalho e não necessitam de muita reciclagem", afirmou o consultor.

A atriz Cleyde Yáconis concorda: "É tudo a mesma coisa! As coisas mudam, mas como você muda também, não faz tanta diferença. Hoje ou nos anos 60, qualquer fase do trabalho deve ser tratada com dignidade, com a mesma meta. Sempre existe algo ruim e algo bom, ontem, hoje ou amanhã. E as batalhas fazem parte da vida, enriquecem e você aprende muito com cada luta, que se torna uma coisa prazerosa. E se for tudo cor-de-rosa, tudo mashmallow, a gente enjoa de ver, não é mesmo?"

"São bem dispostos, gostam do que fazem e levam a carreira profissional para toda a vida". A informação do consultor bate com o que pensa Anselmo Barros, 66 anos, que apesar de aposentado, mantém diversas atividades, como consultor, investidor e dirige uma loja de conveniência em São Paulo. "Sempre me pergunto o que faria se não estivesse trabalhando. Se parar, minha mente para também", disse.

Dificuldade de recolocação

Profissionais que não completaram ensino médio e fundamental enfrentam dificuldade de recolocação mesmo jovens. O alerta do consultor de recursos humanos é o de que a empregabilidade se mantém no mesmo nível do começo de carreira, a dificuldade apenas torna-se crescente.

Outra vantagem dos trabalhadores da terceira idade é a de se dar bem com funcionários da geração Y, a principal força do mercado de trabalho atual. Isso porque os nascidos depois de 1981 não veem os aposentados como ameaça a seus cargos e funções.

"Pessoas das gerações X (nascidos entre 1961 a 1981) e Y têm desencontros comportamentais, já entre as da terceira idade e os mais jovens, não existe competitividade, pois não olham para os aposentados como ameaça. É o pensamento da terceira idade que não está no ambiente para ocupar o mesmo cargo, mas para somar", disse o consultor.

A proporção de homens aposentados de volta ao mercado é bem maior, chegando a 70% do total. A taxa menor de mulheres acompanha o histórico de menos pessoas do sexo feminino no mercado de trabalho há cerca de 30 anos.

Motivação

Os motivos para voltar ao trabalho misturam desejo com necessidade de complementar renda para manter o padrão ou qualidade de vida parecidos com o da época pré-aposentadoria. Um levantamento feito há três anos pela Fecomércio no Rio de Janeiro, mostrou que 80% dos aposentados que continuam trabalhando recebem algum tipo de renda, como pensão, e que quase 30% admitiram ter voltado para complementar esse rendimento.


Fonte: http://mulher.terra.com.br

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