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segunda-feira, 17 de maio de 2010

Acordo entre Irã e Brasil pode render cerca de US$ 10 bilhões



TEERÃ - O comércio entre Irã e Brasil poderia aumentar quase cinco vezes a cerca de 10 bilhões de dólares, disse neste domingo um alto funcionário iraniano durante uma visita do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, a república islâmica.

O funcionário, Behrouz Alishiri, não apresentou um calendário, mas a rádio estatal disse que a projeção seria ter um comércio bilateral anual dentro de cinco anos.

Lula está em Teerã para ajudar na mediação sobre a disputa nuclear entre Irã e Ocidente, dado que o Brasil busca ter mais influência diplomática no cenário mundial.

Alishiri, chefe de um organismo do governo iraniano encarregado de promover o investimento na República Islâmica, disse em um conferência de economia assistida por vários representantes de ambas as nações que o Irã oferece altos rendimentos para os investidores estrangeiros.

Ele sugeriu que as companhias brasileiras poderiam comprar ações de firmas estatais iranianas que serão privatizadas e também participar em ofertas de bônus para ajudar a financiar projetos no setor energético.

"Alcançar 10 bilhões de dólares em intercâmbios comerciais entre Irã e Brasil não é tão distante", disse Alishiri, citado pela emissora estatal IRIB.

"Irã tem o maior rendimento de capital do mundo, em um ranking de entre 25 e 85 por cento para alguns projetos. Não temos limites para o investimento estrangeiro e estamos abertos ao investimento do Brasil no Irã", assinalou.

A rádio estatal disse que o comércio bilateral havia aumentado para mais de 2 bilhões de dólares entre 2009-2010, em 2005 eram 500 milhões de dólares, e a previsão é de que chegue aos 10 bilhões de dólares nos próximos cinco anos.

Estados Unidos e alguns de seus aliados acusam o Irã de tentar usar seu programa nuclear como fachada para o desenvolvimento de bombas atômicas. O Irã nega os fatos e diz que só busca gerar eletricidade para cumprir com a crescente demanda de sua população.

A visita

Começou neste domingo, 16, em Teerã a negociação vista como a 'última chance' do Irã para resolver com o Ocidente o impasse sobre seu programa nuclear, de acordo com a mídia oficial iraniana. O encontro reúne os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega iraniano Mahmoud Ahmadinejad.

O presidente Lula, junto com o ministro do Exterior turco, Ahmed Davutoglu, tenta convencer o Irã a reconsiderar a proposta de acordo para a troca de combustível nuclear como forma de resolver a disputa.

"O presidente Ahmadinejad e o presidente brasileiro iniciaram a primeira rodada de negociações sobre o tema nuclear", informou a TV estatal.

Autoridades russas e ocidentais afirmaram que a visita de Lula era provavelmente a última chance de se evitar novas sanções das Nações Unidas contra o Irã, depois da recusa do país de paralisar as suas atividades nucleares.

Uma proposta com o apoio das Nações Unidas oferecera ao Irã em outubro a possibilidade de enviar para a França e para Rússia 1.200 quilos de urânio pouco enriquecido, material suficiente para, se processado, produzir uma bomba, e receber em troca combustível para o seu reator.

O Irã respondeu que só aceitaria a troca se recebesse urânio mais enriquecido e se ela se desse no seu território. As condições foram recusadas.

O Irã então iniciou o enriquecimento em níveis mais altos de urânio em fevereiro, para produzir ele mesmo combustível para o seu reator. O país assim se aproxima dos níveis necessários para desenvolver uma arma nuclear.

A Turquia e o Brasil, membros não-permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, se ofereceram para mediar uma solução para o impasse, no momento em que as potências mundiais discutem novas sanções contra o Irã.

Quinto exportador de petróleo do mundo, os iranianos rebatem acusação das potências ocidentais e dizem que o seu programa nuclear é para fins pacíficos, e não militares.

O primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, é esperado em Teerã neste fim de semana, mas cancelou a viagem.

Lula chegou ao Irã no sábado para, além da discussão nuclear, participar de uma reunião do Grupo dos 15 nesta segunda-feira. Teerã declarou que líderes de 17 países da Ásia, África e América do Sul comparecerão ao encontro para discutir cooperação econômica.


Fonte: http://www.estadao.com.br

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