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sábado, 22 de maio de 2010

Brasil se defende na OEA em caso sobre Guerrilha do Araguaia

Terminaram em San José, na Costa Rica, as audiências públicas do julgamento na Corte Interamericana de Direitos Humanos, ligada à Organização dos Estados Americanos (OEA), sobre a perseguição, morte e desaparecimento forçado de cerca de 70 pessoas durante a Guerrilha do Araguaia (1972 - 1975).

A ação é movida pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (também da OEA) e pelas organizações Grupo Tortura Nunca Mais, do Rio de Janeiro, Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos, de São Paulo, e Centro pela Justiça e o Direito Internacional.

O Estado brasileiro é réu na ação internacional por causa da falta de informações sobre as mortes e os corpos dos guerrilheiros e a impunidade dos militares que participaram da repressão ao movimento, cometendo crimes como detenção arbitrária, tortura e execuções sumárias.

Na defesa, apresentada pela delegação oficial, a tese é de que não há necessidade de julgamento internacional porque as questões já são enfrentadas internamente, por exemplo, em processos de reparação, e de busca da memória e da verdade; informou Cristina Cambiaghi, chefe da Assessoria Internacional da Secretaria de Direitos Humanos.

A delegação também alegou que o Brasil tem instâncias judiciais legítimas analisando matérias referentes ao assunto, e de que a Corte Interamericana não teria como reformular decisões tomada em rigoroso processo judicial, como ocorreu recentemente em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Lei da Anistia.

“Mostramos que desde quando voltou a democracia, o Brasil não ficou de braços cruzados”, disse o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Direitos Humanos, José Gregori, que era testemunha de defesa, junto com do ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence. “Não houve inércia do Brasil. O país teve uma Lei de Anistia que não foi uma outorga que caiu do céu, mas que foi conquistada.”

A reportagem também tentou contato com representantes das organizações que entraram com a ação e participaram das audiências públicas em San José, mas o telefone estava desligado. Do Rio de Janeiro, a presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, Cecília Coimbra, disse que o julgamento era muito importante, pois “só com pressão internacional a coisa anda”. O primeiro processo sobre a Guerrilha do Araguaia é de 1982 e não houve desfecho.

Acompanharam o julgamento sete juízes estrangeiros e um brasileiro, como juiz ad hoc, o constitucionalista Roberto Caldas, presidente da Comissão Nacional de Direitos Sociais da Ordem dos Advogados (OAB). O veredito pode levar de três a seis meses. As próximas reuniões da corte acontecerão nesses períodos. Até o dia 21 de junho as partes poderão apresentar suas alegações por escrito.

O terremoto de 5,9 pontos na escala Richter ocorrido ontem no sul da Costa Rica, a 67 quilômetros de San José, foi sentido durante o depoimento de Marlon Weichert, testemunha de acusação, às 16h16 (horário local, às 19h16 em Brasília). As informações são da Agência Brasil.


Fonte: http://correio24horas.globo.com

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