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quinta-feira, 27 de maio de 2010

A prova dos professores através do MEC


Mal o Ministério da Educação anunciou sua intenção de implantar o Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente, as entidades representativas de professores já manifestam contrariedade com a possibilidade de avaliação qualitativa do magistério brasileiro. É incompreensível para os cidadãos esta resistência corporativa dos professores a qualquer processo avaliativo, sob o pretexto de que a prova desrespeitaria características regionais e desconsideraria outros aspectos do processo pedagógico que precisam ser melhorados. Ora, os professores têm mesmo que lutar pela melhora da qualidade de ensino e por melhorias salariais, já que, reconhecidamente, são uma categoria mal remunerada para a importância da atividade que exercem. Mas não agem com sensatez ao se opor a qualquer iniciativa no sentido da implantação de uma meritocracia que já se comprovou positiva em outros setores da economia e na própria educação.

Apesar da oposição das entidades classistas, a ideia de uma prova nacional para professores, semelhante ao Enem, deve ser encarada como um fato positivo. A Constituição Brasileira, ao estabelecer que a educação de qualidade é um direito do cidadão e um dever do Estado, supõe que tal direito seja exigido e que tal dever seja fiscalizado, cobrado e avaliado em todos os aspectos. É evidente que esta é apenas uma das múltiplas e complexas questões que envolvem o tema da educação. Cada vez mais, o país se conscientiza em relação às carências do ensino e às distorções públicas e privadas nessa área. Uma delas é, inegavelmente, a da qualificação dos professores e, portanto, da necessidade de um processo de formação técnica, didática e humana compatível com a responsabilidade de ensinar. Estabelecer um processo de avaliação é, neste sentido, além de um avanço, uma necessidade. A qualidade do ensino interessa ao Estado brasileiro, às escolas públicas e privadas, às famílias, aos estudantes, às faculdades de Educação e deve ser também a óbvia preocupação de cada professor ou de suas corporações profissionais. Tal qualidade resulta indispensável num país que, como revelou uma pesquisa de 2009 sobre alfabetização, feita pelo Instituto Paulo Montenegro, apenas 25% da população adulta é plenamente alfabetizada. Ou seja, de cada quatro brasileiros adultos, apenas um tem condições de ler um texto reflexivo, mesmo de mínima complexidade. Qualquer iniciativa de buscar ensino eficaz e melhores condições para seus agentes deve ser por isso discutida com responsabilidade, sem preconceitos ideológicos, sem oportunismos corporativos e sem outra motivação que a de encontrar o que mais definitivamente serve ao interesse do país.

Os professores integram uma das atividades essenciais para a construção da sociedade. Precisam integrar-se também aos esforços no sentido de construir uma profissão respeitada e de crescer individualmente por um mérito que precisa ser reconhecido e valorizado.

Fonte: Zero Hora

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