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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Brasil pode ser a quinta economia do mundo na próxima década, diz presidente do Ipea

Brasília - O Brasil deve aproveitar a oportunidade de transição da economia para um desenvolvimento que prioriza a sustentabilidade para se tornar uma liderança mundial, segundo o presidente do Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann. Nesta quinta-feira (20/5), ele participou, no Rio, do 22º Fórum Nacional, promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“Ele [o Brasil] tem as condições concretas para construir, neste século, um protagonismo inédito do ponto de vista da concepção de um desenvolvimento que não seja apenas econômico e social, mas que tenha capacidade de sustentar do ponto de vista da reprodução humana e do bem-estar social”, afirmou o presidente do Ipea.

Pochmann disse à Agência Brasil que há uma convergência nacional, “e até internacional”, de que chegou o momento brasileiro. Chamou a atenção para o fato de que, desde a crise de 1929, esta é a primeira vez em que a recuperação econômica mundial é puxada pelos países em desenvolvimento e não mais pelos países ricos. Entre eles, citou a China, Índia e Brasil. “Isso inspira a perspectiva de o Brasil vir a se transformar na quinta economia do mundo, possivelmente ao final da próxima década em que estamos ingressando”.

O desafio não é voltar a crescer de forma mais rápida, mas combinar o crescimento com um melhor bem-estar social e, sobretudo, ambiental. Ele sublinhou que, além de crescer economicamente, o Brasil deve se transformar também na quinta melhor sociedade, do ponto de vista do padrão de bem-estar social.

Um dos desafios continua sendo a educação. Do ponto de vista quantitativo, o problema da universalidade da educação está resolvido, mas não do ponto de vista qualitativo, observou Pochmann. Educação exige mais recursos. Ao mesmo tempo, pressupõe uma capacidade de fazer mais com o mesmo recurso, de forma a melhorar a qualidade da educação brasileira, ressaltou.

Outro desafio é a questão demográfica. “Se queremos ter um padrão de bem-estar adequado para as pessoas que vão envelhecer nos próximos anos, significa, fundamentalmente, o Brasil elevar a sua produtividade”. Explicou que a produtividade pressupõe um projeto de desenvolvimento econômico e também elevação da educação e da tecnologia, a fim de preparar melhor as pessoas para o trabalho e para a própria vida.

A percepção de novos valores faz parte de uma mudança cultural do ponto de vista da integração nacional. Pochmann não vê problemas estruturais que impeçam o Brasil de ter crescimento sustentável de longo prazo a taxas muito maiores das que temos atualmente. “O Brasil cresce acima de 4%. Na década de 90, cresceu em torno de 2%. Não vejo problemas em nós crescermos a 6% ou 7% ao ano porque, do ponto de vista do reconhecimento, nós somos um país ainda em construção”. Afirmou que crescer mais rapidamente ajuda o país a enfrentar o problema da geração de empregos.

Para Pochmann, a questão ambiental ganha cada vez uma maior dimensão na sociedade moderna e exige uma intervenção pública mais importante. A competição pressupõe redução de custos e isso vem a partir de investimentos ecológicos, assinalou. Nesse sentido, defendeu um reforço da regulação e maior taxação de impostos para segmentos que degradam o meio ambiente, além de substituição das formas de produção não sustentáveis, por meio de tecnologias avançadas.


Fonte: Agência Brasil

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