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sexta-feira, 7 de maio de 2010

Indústria naval brasileira lança o 1º petroleiro num total de 49 após 13 anos



O principal motivo da segunda visita do presidente Lula a Pernambuco em 2010 poderia ir por água abaixo. Mas está flutuando desde ontem. E foi lançado ao mar hoje, às 10h30. Com 274 metros de comprimento, o petroleiro João Cândido é carregado de simbolismo. É o primeiro navio construído pelo primeiro estaleiro pernambucano, o Atlântico Sul. É a primeira das 49 embarcações a serem entregues dentro do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef).

"Para a gente tem um significado muito importante porque é o primeiro navio feito por pernambucanos, que são 90% da nossa força de trabalho. Eles foram treinados e qualificados ao longo desses últimos dois anos", destacou ontem o presidente do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), o paulista Ângelo Bellelis, durante a coletiva de divulgação dos detalhes da agenda presidencial. Ele aproveitou o momento para tentar esclarecer, de uma vez por todas, que lançamento não significa entrega.

O lançamento, destacou Bellelis, é a saída do dique seco. Agora, com o dique cheio d'água, a embarcação vai flutuar até o cais externo para receber o acabamento, onde será colocada a parte elétrica e eletrônica, o motor, a caldeira. "Nossa expectativa é entregar o navio em agosto", disse o presidente do EAS, destacando também que a construção do João Cândido foi bastante "peculiar", já que o próprio estaleiro também estava sendo construído.

"À medida que os galpões ficavam prontos íamos construindo as partes dos navios", lembrou Ângelo Bellelis. Com a infraestrutura pronta, ficará mais rápido trabalhar nos outros 21 navios da atual carteira do EAS, além do casco da plataforma P-55. A planta tem capacidade instalada de processar 160 mil toneladas de aço por ano. As encomendas totalizam US$ 3,5 bilhões. Cerca de 3,7 mil pessoas trabalham na área industrial. Outros dois mil profissionais ainda finalizam a construção do estaleiro.

Na cerimônia de hoje, a madrinha Mônica Roberta de França, moradora da Ilha de Tatuoca e funcionária do estaleiro, ficou encarregada do famoso ritual de quebrar a garrafa de champanhe e desejar felicidades à embarcação. E felicidade é o que não falta ao presidente da Transpetro, Sérgio Machado. "Quando a gente falava desse projeto, o pessoal olhava como se fôssemos de outro planeta. Hoje pode haver uma coisa impossível. Amanhã a gente descobre como fazer possível", disse Machado.

Ele lembrou que, antes do Promef, a última encomenda de um petroleiro, o navio Livramento, tinha sido "há 13 verões". A entrega aconteceu 13 anos atrás. O presidente da Transpetro também falou sobre a necessidade de tocar o projeto adiante. "Cerca de 95% do comércio internacional do país é feito por navios. O Brasil não tem a opção de ter ou não ter navios. A opção é ter navios próprios ou de terceiros". Atualmente, o país gasta por ano US$ 10 bilhões com o afretamento de embarcações.

Navio petroleiro de óleo cru (ou de produtos), o primeiro filho do Estaleiro Atlântico Sul é da categoria Suezmax porque sua dimensão permite que ele navegue (sem entalar) pelo Canal de Suez, que liga o Mediterrâneo ao Mar Vermelho, no Egito, e funciona como atalho entre a Europa e a Ásia. Dos 22 navios encomendados ao EAS, 14 são monstros deste porte. Cada um custa US$ 120 milhões. As outras oito embarcações são do modelo Aframax.

Homenagem - O Almirante Negro, como João Cândido ficou conhecido, foi o líder da Revolta da Chibata, movimento contra os castigos físicos sofridos pelos marinheiros, em 1910. Banido da Marinha, descarregando peixes na Praça XV, Centro do Rio de Janeiro, João morreu em 1969, aos 89 anos. Cem anos depois de liderar os marinheiros, o Almirante Negro torna-se o líder da nova indústria naval brasileira.


Fonte: Diário de Pernambuco

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